domingo, 28 de setembro de 2008

Aconteceu...


Ele não quisera tocar-lhe. Era o seu último pensamento coerente antes de subir as mãos e de as encher com os seios dela. O gemido gutural dela espalhou-se pela sua boca como vinho, rico e inebriante.
Nessa altura, já ele lhe arrancava a camisa e se afastava da mesa em simultâneo – Que se lixe – murmurou com a boca colada na dela, ávida, levantando-a.
Ela enrolou os braços e as pernas à volta dele como um cordão de seda, a camisa pendurada por um braço, onde os botões ainda estavam apertados. Por baixo, trazia uma camisola de algodão simples, tão erótica para ele quanto rendas de ébano.
Era pequena e leve, mas da forma como o sangue lhe latejava no cérebro, sabia que podia até levantar uma montanha. A boca atarefada dela nunca parava, correndo da face para o maxilar, para a orelha e regressando, enquanto ecoava gemidos sensuais na garganta.
Os seus lábios voltaram a unir-se num beijo ávido e desesperado. Como a ombreira da porta e as próprias pernas a seguravam, ele libertou a boca para a colar ao seio dela, chupando voraz através do algodão.
O prazer que ela sentia, obscuro e adverso, trespassava-lhe o corpo como uma lança. Isto era imenso, apercebeu-se ela assim que o sangue que lhe corria nas veias começou a vibrar como um motor. Muito mais intenso do que ela esperara. Não se podia ter preparado para aquilo. Mas não havia volta possível.
Se foi a loucura que tomou conta dele, também a dominou a ela.
Da parte de ambos, não havia pensamento ou necessidade de carícias meigas, de palavras doces ou mãos vagarosas. Lançaram-se um ao outro, imprudentes como animais, arrancando as roupas, puxando, esticando, pontapeando os sapatos, na ânsia constante de alimentar beijos violentos.
O corpo dela era como um motor, atestado para a competição. Contorceu-se, rolou e deslizou, com a respiração golpeada por arquejos ardentes. Costuras rasgadas, ânsias exploradas.
Ele tinha as mãos macias. Se a ocasião fosse outra, poderiam ter escorrido pelo corpo dela como água. Mas, de momento, elas agarravam, magoavam e pilhavam, arrancando um prazer incomensurável que trespassava o corpo dela, como os raios dilaceram o céu tenebroso. Ele voltou a encher as mãos com os seios dela e agora, sem barreiras, levou os mamilos duros à boca.
Ela gritou, não de dor pelo roçar duro dos dentes e da língua dele, mas de glória, enquanto o primeiro orgasmo, severo e perverso, a atingia como um golpe.
Não esperara que a atingisse tão rápido e com tanta intensidade, nem experimentara o abandono que lhe fora imediato, no rescaldo da tempestade. Antes de conseguir recuperar do espanto, novas ânsias dilaceravam-na por dentro.
Nunca acreditara, nunca, que o desejo a podia engolir, deixando-a trémula. Mas estremeceu às mãos dele, sob a urgência selvagem da sua boca. Durante outro interlúdio atordoante, ficou totalmente vulnerável, os ossos derretidos, e a mente descontraída, abismada pela rendição causada pelo assombro do seu próprio clímax.
Ele nem sentiu a mudança. Apenas sabia que ela vibrava debaixo dele como um arco disparado. Estava húmida e quente, numa excitação insuportável. O corpo dela era macio, suave, flexível, todas as reentrâncias e curvas eram dele para explorar. Conhecia apenas o desejo desesperado da conquista, de posse, deleitando-se com o sabor da sua carne até parecer que a essência dela corria pelas suas veias como o próprio sangue.
Agarrou-lhe na mão e possuiu-a, até ela gritar outra vez o nome dele como um gemido no ar.
O quarto girava como um carrossel à volta dela que, soltando as mãos das dele, lhe entrelaçou os dedos no cabelo. De novo o desejo trespassava-a vorazmente. Ergueu as ancas.
- Agora! – a intimação saltara-lhe da garganta.
Mas ele já mergulhara dentro dela, fundo e intenso. Ela arqueara-se para trás, para cima, numa recepção gloriosa enquanto o prazer aspergia pelo corpo num relâmpago lancinante e em fusão. O corpo dela encontrou o dele, acompassando os ritmos, toque por toque desesperado. Ele não sentiu as unhas dela a arrancar as costas.
Com a visão turva e nublada, observou-a, viu cada sensação avassaladora passar pelo seu rosto. Não era suficiente, pensou ele, ainda tonto. Até mesmo quando o arrependimento tentava espreitar pela armadura brilhante da paixão, ela abriu os olhos e voltou a pronunciar o seu nome.
Então, ele afogou-se naquele mar verde e, enterrando o rosto no fogo do cabelo dela, rendeu-se. Com um último raio de desejo glorioso, esgotou-se dentro dela.

(Nora Roberts)

1 comentário:

RS disse...

Que te(n)são ao ler-te