sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Catavina

Tudo havia terminado…
Os lençóis remexidos sussurravam docemente, enquanto testemunhas silenciosas de segredos de uma noite de infindáveis prazeres. No ar espraiava-se um odor agridoce que se desprendia dos corpos nus, adormecidos em desalinho sobre a cama.
Tudo começara com um olhar, não um olhar qualquer mas um daqueles olhares que prenuncia tempestade, sentimentos tumultuosos, intensos e magnéticos. Um olhar que tudo esconde e que tudo revela, espelho de almas atormentados de um desejo por saciar…
Estava escrito que algures no espaço algures no tempo, o inevitável aconteceria porque a insustentável tensão que pairava a cada encontro, escrevia mais uma linha no livro do destino…quando as linhas se cruzassem….
Com a mudança das estações as linhas cruzaram-se e o destino cumpriu-se. A distância de segurança foi quebrada, e o beijo surgiu do nada, quente, sensual, exigente e sôfrego, selando o início do inevitável. O princípio do fim. O olhar escureceu, intensificou-se expressando o desejo transbordante. As mãos pequenas e delicadas percorreram devagar o contorno da face, deslizando suavemente e descendo pela nuca e ombros desapertaram os botões da camisa semi-aberta acariciando firmemente a pele macia por debaixo. Os lábios quentes percorreram o trilho das mãos, atingindo o peito e acariciando com a língua os mamilos até estes ficarem erectos…
As mãos acariciavam suavemente as costas, descendo até aos rins apertaram firmemente as nádegas firmes que se revelam sob as calças.
Um a um os botões vão sendo finalmente abertos…
A boca dele era macia e viajou languidamente pela curvatura do pescoço até à abertura do decote, sentido o odor suave que se desprendia da pele, abriu vagarosamente o fecho e mergulhou as mãos no seu interior acariciando firmemente as costas, despojou os seios do seu suporte. As mãos e a boca cálida percorreram-nos, ora suave ora impetuosamente arrancando murmúrios entrecortados de prazer.
Com decisão a saia, foi arrancada num só gesto expondo o ventre ligeiramente arredondado e a tanga fio dental. Uma das mãos enlaçou a cintura, enquanto a outra mergulhou na tanga, sentindo a macieza sedosa de uma intimidade fremente, quente e húmida…palpitante, os dedos penetraram delicadamente no abismo aveludado e quente que se abria ao toque delicado.
O abraço foi forte, envolvente e impetuoso e o contacto dos corpos quentes, excitados e sequiosos de carícias foi selvagem. As bocas ávidas de prazer percorreram despudoradamente todo o corpo cm a cm, ora acariciando, ora tocando levemente com a língua ora sugando e apertando vigorosamente com os lábios, arrancando gemidos incontidos pelas sensações de prazer que provocavam.
A excitação crescia, a batida cardíaca acelerava-se…. Os corpos enlaçam-se, numa exploração infinda de prazeres e sensações, de toques, de beijos, de carícias prolongando o clímax…
Sentando-se lentamente, sente a masculinidade penetrar primeiro suave e lentamente, depois aumentando a cadência…ondas de calor percorrem a coluna, tornando a respiração cada vez mais ofegante num turbilhão crescente de sensações, a visão torna-se mais enevoada, o corpo fica trémulo com a proximidade do orgasmo que se pressente pelo vigor dos movimentos, pelos gemidos incontidos, pelas unhas que se cravam como garras. Antes do clímax muda rapidamente de posição, e de gatas sente as mãos dele agarrarem vigorosamente a anca e penetrarem-na com força. É um crescendo que se transmite a todo o corpo, em ondas de choque sucessivas como a erupção de um vulcão adormecido, que explode com violência… para ele tudo chegou ao fim.
Nela a onda de calor parece retroceder, mantendo o corpo trémulo, quente e fremente… mas o toque suave dos dedos e a boca quente, reacende a fogueira ainda não extinta, emitindo miríades de sensações que de novo inflamam e explodem…recomeçando de novo…
Tudo tem um princípio…tudo tem um fim.
Os acordes de uma cavatina [1] ecoam ao longe...

Djinn

[1] - Área musical de curta duração, sem repetição nem segunda parte

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