quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Naquela noite


Soube-me a pouco a noite em que chegaste com esse sorriso quente e olhar sôfrego de mim.
Ao som de Schneider bebemos vinho e dançámos, mudos, amadurecendo apenas os nossos pensamentos e, naquele roçar suave de corpos, o desejo amplificou-se e agravou-se, incontido, gritante…
Sem qualquer palavra, numa lentidão prevista, teus lábios tocaram-me a pele, que se despiu devagar, saboreando a fome da tua sede, e a maciez das tuas mãos, que me envolviam os seios generosos que te oferecia, enquanto teu corpo se mostrava mais firme, mais poderoso, mais meu…
Percorri cada poro do teu corpo, ávida dos teus gemidos que gritavam meu nome. Sedenta de prazer, numa entrega absoluta, tranquei tabus e pecados num armário inalcançável, e fui inteiramente tua, numa volúpia animalesca em que saciámos todos os desejos incontidos, escondidos, insanos…
Há uma quase dor que me acompanha nesta febre a que me dou voluntariamente, num ardor travesso e rítmico, abrasador e vulcânico, até ao clímax da tua ejaculação e das minhas compressões húmidas em que quase te arranho.
Acordei quase feliz, com o toque lânguido dos meus dedos presunçosos…
Soube-me a pouco o sonho naquela noite. Espero agora o teu poema real…


(Vera Silva)

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