quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Poderia ser assim...

Poderia ser assim? Perguntava-se. Poderia ele estar certo?
Ela nunca lhe dera verdadeiramente desconto. A ideia tinha-a ajudado a atravessar muitos momentos difíceis. Mas sentada aqui, agora, parecia testar a teoria de que estavam destinados a ser sempre separados. A menos que as estrelas tivessem mudado desde a última vez que tinham estado juntos.
E talvez tivessem, mas ela não queria olhar. Em vez disso, inclinou-se para ele e sentiu o calor entre ambos, sentiu o corpo dele, sentiu o braço apertado em torno de si. E o corpo dela começou a tremer com a mesma antecipação que sentira na primeira vez que tinham estado juntos.
Sentia que estava muito certo estar aqui. Tudo sentia a certo.
O fogo, as bebidas, a tempestade – nada poderia ser mais perfeito.
Cederam então a tudo aquilo contra o que tinham lutado. Ela levantou a cabeça do ombro dele, olhou-o com os olhos desfocados e ele beijo-a suavemente nos lábios. Ela levou a mão à cara dele e tocou-lhe a face, aflorando-a docemente com os dedos. Ele inclinou-se lentamente e beijou-a de novo, ainda doce e terno e ela retribuiu.
Ela fechou os olhos e afastou os lábios enquanto ele fazia os dedos correr acima e abaixo dos seus braços, lentamente, levemente. Beijou-lhe o pescoço, a cara, as pestanas, e ela sentiu a humidade da boca dele permanecer onde os lábios tinham tocado. Pegou na mão dele e conduziu-a para os seis, e um soluço nasceu-lhe na garganta quando ele lhes tocou, delicadamente, através do tecido da camisa.
O mundo parecia de sonho quando se afastou dele, a luz do fogo tornando-lhe a cara em brasa. Sem falar, começou a desabotoar-lhe os botões da camisa. Ele observava-a a fazê-lo e escutava-lhe a respiração doce enquanto abria caminho para baixo. Com cada botão sentia os dedos dela a aflorar-lhe a pele, e ela ficou a sorrir-lhe docemente quando, por fim, acabou. Ele sentiu-a enfiar as mãos por dentro, tocando-o o mais levemente possível, e deixou que as mãos dela lhe explorassem o corpo. Estava quente, e ela passou-lhas pelo peito ligeiramente húmido, sentindo-lhe a penugem entre os dedos. Inclinando-se, beijou-lhe docemente o pescoço enquanto lhe despia a camisa dos ombros, prendendo-lhe os braços atrás das costas. Levantou a cabeça e deixou que ele a beijasse enquanto movia os ombros para se libertar das mangas.
Depois disso, lentamente, ele procurou-a. Subiu-lhe a camisa e passou os dedos lentamente através da barriga antes de lhe levantar os braços e a fazer escorregar. Ela sentiu faltar-lhe o ar quando ele baixou a cabeça e a beijou entre os seis e lentamente fez a língua subir até ao pescoço. As mãos dele acariciavam-lhe as costas, os braços, os ombros, e sentiu os seus corpos quentes encostarem-se um ao outro, pele contra pele. Ele beijou-lhe o pescoço e mordiscou-a enquanto ela erguia as ancas e o deixava retirar a parte de baixo. Ela procurou o botão das calças de ganga, abriu-o e ficou a observar enquanto ele também as despia. Foi quase em câmara lenta que os seus corpos finalmente se reuniram, ambos a tremer com a memória do que uma vez tinham partilhado.
Ele correu a língua pelo pescoço dela enquanto as mãos se moviam sobre a pele quente e macia dos seios, pela barriga abaixo, para lá do umbigo, e de novo para cima.
Deitaram-se junto ao fogo, e o calor fazia o ar parecer espesso.
Ela arqueava ligeiramente as costas quando ele se lhe colocou por cima, num movimento fluido. Estava de gatas por cima dela, os joelhos a par das ancas. Ela levantou a cabeça e beijou-lhe o queixo e o pescoço, com a respiração ofegante, lambendo-lhe os ombros, e provando o suor que lhe pairava sobre a pele. Passou-lhe as mãos pelos cabelos enquanto ele se segurava por cima dela, os músculos dos braços duros da tensão. Com uma ligeira careta tentadora, ela puxou-o para mais perto, mas ele resistiu. Em vez disso, baixou-se e esfregou ligeiramente o seu peito contra o dela, e ela sentiu o seu corpo reagir com antecipação. Fê-lo lentamente, uma vez e outra, beijando todas as partes do corpo dela, escutando-a a lançar sons doces e soluçantes enquanto se movia por cima dela.
Continuou com isto até ela não aguentar mais, e, quando finalmente se uniram como um, ela gritou alto e enterrou-lhe os dedos nas costas. Escondeu a cara no pescoço dele e sentiu-o fundo dentro de si, sentiu-lhe a força e a delicadeza, sentiu-lhe os músculos e a alma. Movia-se ritmicamente contra ele, permitindo-lhe que a tomasse sempre que quisesse, a levasse para o lugar para o lugar em que tinha que estar.
Os corpos reflectiam todas as coisas dadas, todas as coisas roubadas, e ela era recompensada com a sensação de que não sabia existir.
E continuou outra vez e outra, a tinir pelo seu corpo e aquecendo-a, antes de, por fim, dar de si, e ela lutava com falta de ar enquanto tremia debaixo dele. Mas no momento em que acabara, outro principiara a construir-se, e começou a senti-los em longas sequências, uma logo atrás a outra. Na altura em que a chuva tinha acabado de cair e o Sol se tinha posto, o corpo dela estava exausto mas sem vontade de pôr fim ao prazer de ambos.
(Nicholas Sparks)

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